A coruja semicerra as pestanas de azeviche enquanto as suas
pupilas memorizam os sinais exteriores de uma inteligência fugaz. A pulga que
saltita de folha em folha disserta sobre as palavras que não ouve e explana, em
frases de finíssimas filigranas, o conteúdo de existências banais e a
longevidade dos seus silêncios inexplicáveis, à luz da condição humana. A
coruja é a imaginação da lucidez e a, pulga, o veículo da sua arquitetura. A
elasticidade da pulga é o forno de uma linguagem que a coruja decifra e arquiva
nas ramificações dos seus mistérios. A revelação dos seus sinônimos é a semente
do tempo que se vive.
Bellaria-Igea Marina, 21 de Junho de 2017.
Por Renato Cresppo
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